26/11/2012
-
O artista Claudio Sena está contribuindo com sua arte,
reproduzindo as famosas pinturas rupestres do Lajedo de Soledade, nas
pedras do Cactário.
Claudio Sena reproduzindo as pinturas rupestres no cactário
A idéia do cactário surgiu em 2010 quando o diretor Marcos Oliveira
sugeriu a criação de algo permanente na área à frente do Câmpus, após a
desmontagem do presépio natalino feito pelo professor Nilton Xavier. A
parte estrutural está sendo finalizada. Com a intervenção do artista
local Claudio Sena em algumas pedras, fica faltando apenas a fixação
dos bancos com mosaicos representando a fauna local. Não foi iniciado
ainda o inventário florístico que catalogará as
coleções de plantas, mas Nilton Xavier assegura que já existem mais de
sessenta
espécies entre plantas de pequeno, médio e grande porte.
Conheça mais sobre o artista Claudio Sena:
Claudio José Alves de Sena, natural de
Soledade, município de Apodi/RN, nasceu em 06/02/1977, porém, pela certidão de
batismo veio ao mundo oficialmente em 25/12/1977. Morou por seis anos no Sítio
Lagoa do Clementino, conhecido também como “Poço do Isauro” e regressou definitivamente
após esse breve período a Soledade.
Seu contato com as pinturas rupestres do
Lajedo de Soledade ocorreu ainda criança quando admirava os “letreiros” e ouvia
os mais velhos dizerem que eram pinturas feitas pelos “índios” há 300 anos. Em
1991, geólogos auxiliados por um projeto financiado pela PETROBRÁS, entre os
quais, Eduardo Bagnoli, começaram a visitar a área do Lajedo e isso despertou
no menino Claudio o interesse em conhecer mais sobre a região. Desconhecia as
ações anteriores do pároco de Apodi Pe.
Pedro Neefs e de Maria Auxiliadora (Dodora), advogada apodiense, ambos
defensores iniciais da preservação dos “antigos letreiros do Lajedo”, no
passado, invariavelmente ameaçados pela extração da cal e pelo desconhecimento
popular. Lembra que à época foram realizadas palestras para a comunidade de
Soledade explicando sobre os benefícios posteriores consequentes da salvaguarda
daquele conjunto ímpar de testemunhos culturais e naturais do Neolítico. Uma das
primeiras iniciativas do projeto foi a seleção e capacitação de “guias-mirins”
e a construção de um museu para exposição de artefatos arqueológicos recolhidos
nas áreas delimitadas pela maior concentração de vestígios humanos. De um grupo
inicial formado por 30 a 40 meninos, continuaram apenas 11, Claudio seria um
deles e logo começou a atuar com guiamentos pelo Lajedo, atividade que
desenvolve ainda hoje juntamente com a produção artesanal.
O menino Claudio cresceu, casou e teve dois
filhos, tornou-se servidor da Prefeitura
de Apodi trabalhando meio expediente como auxiliar de serviços diversos
na Escola Municipal Francisco Targino da Costa em Soledade, atividade
conciliada com o serviço de orientador turístico, buscou no artesanato uma
alternativa para complementar a renda mensal pois somente o salário de servidor
e os guiamentos irregulares não eram suficientes para sustentar a família.
O envolvimento definitivo com a arte
foi resultante de um contato com o artista plástico Ricardo Veriano entre
2003-4, quando nesse período, foi sugerido aos moradores de Soledade, através
de oficinas, a pintura de réplicas das imagens rupestres do Lajedo visando
criar um produto diferenciado, com identidade regional. Claudio não foi dos
primeiros a se envolver com o fazer artesanal, só começou a praticá-lo quando as
primeiras desistências surgiram. O suporte empregado para suas criações são
rejeitos de pedras calcárias descartadas pelas caieiras que atuam há décadas na
região para a produção da cal. Se especializou na produção de objetos
utilitários e decorativos como chaveiros, porta-lápis, pesos de papel e pedras
ornamentais de pequenas e médias dimensões.
Internalizou de modo admirável e
reproduz em suas peças um repertório particular constituído pela maioria das
imagens presentes nos painéis rupestres originais do Lajedo descritas em
detalhes pelo artista/artesão, alternadas eventualmente por criações próprias
resultantes de combinações entre imagens já existentes, entretanto, as figuras
da arara e do sol são preferenciais. O primeiro trabalho de sua carreira em
grandes dimensões foi realizado em novembro de 2012 interferindo artisticamente
em cinco pedras dispostas na área do Cactário do IFRN à frente do Câmpus
Apodi.
Numa comunidade sem tradição artesanal,
atualmente, Cláudio é um dos raros artesãos que ainda mantém o trabalho
iniciado no referido contexto da década de 1990, combinando a produção
artesanal com os guiamentos no Lajedo. Essa continuidade é justificada por ele
como uma paixão, um forte envolvimento pessoal que o vincula diretamente à
história do Lajedo e da própria comunidade de Soledade onde vive. Além da
pintura rupestre contemporânea produz em
menor quantidade cabaças pintadas e chocalhos.
Fonte: http://portal.ifrn.edu.br/ por Claudio Sena e Nilton Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário