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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

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Na periferia, professor encontrou outra visão sobre o magistério

Quem ouve a batida do funk pelo corredor nem desconfia que os alunos da sétima série estão tendo lições de Filosofia. Eles reproduzem o ritmo do rap fazendo sons com a boca e cantam em coro o refrão do pagode. O professor Renato Barbieri, 47 anos, até arrisca uns passos desajeitados no mambo, arrancando risos da turma.

Para alunos que enfrentam o preconceito, uma aula sobre "música de negão", nas palavras do professor, pode ser altamente filosófica. Rosa Medeiros, 14 anos, garante que sim.

Unindo conhecimentos de História e Geografia, já que tem as duas licenciaturas, Renato criou um projeto de educação antirracista, com o qual foi reconhecido no prêmio Professor Excelência, da Secretaria Municipal da Educação, no ano passado.

Casado, mas sem filhos, ele "adota" como se o fossem cerca de 300 adolescentes a cada ano na Escola Municipal Professor Larry José Ribeiro Alves, onde trabalha desde 2006. Antes de optar pelo magistério, chegou a cursar Engenharia Civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), largou a faculdade quando entrou no Banco do Brasil, mas o trabalho repetitivo de autenticar títulos no caixa o fez abrir mão da estabilidade da carreira bancária depois de 10 anos.
— Estar na sala de aula é um desafio a cada momento, não há duas aulas iguais. Os colegas do banco achavam que eu era louco, mas é aqui que sou feliz — afirma.

O "aqui" é especificamente a Restinga. Quando começou a dar aulas, em 1997, trabalhou em colégios particulares e cursinhos pré-vestibular, até ser aprovado no concurso do município. Conviveu com alunos que pegavam jatinho para passar férias fora do país no verão e hoje atende crianças que sequer saíram do bairro onde moram.
— Era gratificante ver um aluno ser aprovado em primeiro lugar na UFRGS, mas quando deparei com a periferia tive outra visão do que é ser professor, ou do que pode ser — filosofa.

Essa compreensão o motivou a montar uma horta para os alunos cuidarem no turno oposto à aula, como parte do laboratório ambiental. A relação com a terra vem desde a infância. Natural de Bento Gonçalves, estudou a produção de vinhos orgânicos na pesquisa de mestrado, faz a feira aos sábados pela manhã e gosta de ler sobre alimentação saudável no tempo livre.

Fonte: Zero hora

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