Burro, meu doce e torturado mano!
dizem que esse teu lombo foi coberto
pela cruz, desde quando, a passo lhano,
conduziste Jesus, pelo deserto.
Teria o bom Menino feito certo?
Creio que andou num bem ingrato engano,
pois que essa cruz é o teu destino aberto
- o trabalho, e o chicote desumano.
Como tu, há criaturas no planeta.
(Que o relativo espiritual te valha!)
- É bem duro viver de uma caneta…
Nosso pão do Evangelho, irmão jumento,
é o mesmo: tu morrendo na cangalha,
nós – com o sangue e o suor do Pensamento!
Othoniel Menezes (poeta potiguar já falecido)
*Poema retirado do livro: “Othoniel Menezes – Obra reunida”, pg. 743
Ví no Blog de Carlos Santos
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