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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Especialista norte-americano diz que o consumo de drogas muitas vezes acoberta outros problemas sociais

Isa Lima/UnB
Conclusões de estudos realizados ao longo de 24 anos, sobre questões ligadas ao consumo de drogas, foram mostradas pelo neurocientista E professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Carl Hart. O especialista palestrou a centenas de pessoas na Universidade de Brasília (UNB), durante a 5ª sessão da Comissão UnB, Futuro em 2014. Na ocasião, disse que o consumo de drogas é um problema muitas vezes utilizado para acobertar outras questões que permeiam a sociedade, principalmente nas comunidades negras e pobres. 

Negro e nascido em bairro pobre, Hart foi usuário e traficante de drogas. Para ele, essas comunidades sofrem problemas muito mais complexos ligados à questões sociais – como habitação, emprego, alimentação – e raciais, sendo um erro imputar ao consumo de drogas a razão para o desenvolvimento desses problemas. Esses problemas, conforme explicações do neurocientista, são colocados em segundo plano porque exigem mais investimento e resoluções mais complexas, e as políticas comumente adotadas para o combate ao consumo de substâncias psicoativas não são efetivas. 
Especificamente sobre o crack, ele pontuou: em primeiro lugar, as características que diferenciam o crack da cocaína são apenas algumas ligações nas moléculas das substâncias, sua forma de administração. O crack é fumado e a cocaína é inalada. "As pessoas acreditam que são drogas diferentes, mas não são", afirmou. Hart disse ainda que é uma questão que influência na discriminação e na distorção das informações, uma vez que a maioria dos usuários nos Estados Unidos é pobre, e a cocaína geralmente é utilizada por pessoas de classes mais altas. 
O pesquisador classifica como mito a relação do consumo de crack e a afirmação de que com apenas uma tragada da substância os indivíduos se tornam viciados. Ele também disse que a isso se costuma associar a ideia de que apenas pobres consomem a droga, o que pode ser desmentido com uma breve pesquisa de personalidades usuárias de crack e cocaína. 
Experimentos
Hart pondera que também não é verdadeira a afirmação de que os usuários estão sempre em busca da próxima dose. O especialista contou experimentos feitos com ratos, em que se administram doses de crack nos animais e se oferecem ou não alternativas de atividade. Como resultado, verificou-se que quando são oferecidas drogas aos roedores, sem que eles tenham outra opção de atividade, eles a consomem, mas se lhes são fornecidos afazeres alternativos, eles escolhem fazer outra coisa que não 
Marcello Casal Jr./ABr
utilizar a droga. Isso mostra, segundo ele, que o consumo dessas substâncias também está relacionado à falta de oportunidades que muitas vezes os indivíduos enfrentam dentro da sociedade. 

Com base em seus estudos, o professor afirma que a questão do consumo de drogas é tratada de forma equivocada. Ele defende a descriminalização de todas as drogas como medida de enfrentamento. “Isso não significaria necessariamente uma legalização, mas sim uma mudança de pensamento, em que o usuário não seja tratado como um criminoso”, sugeriu. E defendeu a necessidade de encontrar soluções que incluam negros e pobres, alternativas legais para a descriminalização e desenvolver uma educação realista. 
Com informações da Secretaria de Comunicação da UnB

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